sábado, 27 de novembro de 2010

Sol de Andituba






     "Existem mulheres maravilhosas, que fazem felizes as pessoas só por estarem por perto e quando longe, sua lembrança ainda aquece o coração.
      Mulheres fascinantes, que amam a liberdade e não se prendem a convenções sociais. De coração enorme acolhem os necessitados, e mesmo mortas não são esquecidas.”

      Luísa era o sol e a alegria da cidade de Andituba. Bonita de corpo e de alma. Com uma gargalhada sonora e um rebolado delirante de bunda grande. Era com todos os homens dada – e dava! 

      Ela não tinha preconceito de cor, raça ou tamanho. Dizia:

      - Tendo pinto basta!

      Luísa era o encanto dos olhos de todos. Mulher feminina e gostosa. Cabelos compridos e cheiro de alfazema. A natureza fora boa com Luísa, fora boa. Além da bunda enorme lhe dará seios jumbo, em pé e durinhos, e entre a bunda e o peito uma cintura fininha. Formosa Luísa!

      Luísa era como mãe que a todos acolhia. Mesmo que fulano ou beltrano tivesse pouco ou nenhum dinheiro, não lhes negava o néctar de sua buceta. Só não dava a bunda. Se insistissem, reclamava:

      - De graça já é abuso! 

      Todos nós machos de Andituba amávamos Luísa. Todos nós amávamos a grande rainha, de lábios macios com gosto de cerveja. Luísa máquina de sexo, Luísa de orifícios ardentes!

      Luísa também era a ambição da garotada. Os meninos cresciam pensando no dia em que a comeriam. Cresciam pensando quando teriam as mãos em seus peitos, em sua cintura, em sua bunda. Cresciam pensando quando a boca de Luísa lhes sugaria o pinto. Eles sonhavam com Luísa: Luísa de vestido vermelho, Luísa de carnes fartas, Luísa de sorrisos nos lábios, Luísa faceira, Luísa provocante, Luísa gostosa, Luísa, Luísa, Luísa... E molhavam a cama!

      Mas Luísa morreu tão jovem. Assim, de repente. Uma febre que não passou, uma convulsão e lá se foi Luísa embora. Ninguém conseguiu entender o por quê.

      Foram meses tristes aqueles após a sua morte. A cerveja parecia nunca estar gelada como devia. A comida era sem tempero e sal, e as mulheres eram normais demais. Até os meninos deixaram de brincar na rua. Foram meses sem jogo de bola ou conversa na calçada. Todos nós machos de Andituba estávamos de luto. 
      Eu que nunca fui muito de rezas, rezei alguns pais-nossos em memória de Luísa que foi para o céu. Santa Luísa, que fez tão bem os homens aqui na terra. Inaugurou tantos meninos.

      Aqui na cidade Luísa virou lenda, que corre de boca em boca entre os rapazes. Dizem que ela aparece em sonho fazendo um gostoso boquete, aos homens que batem uma punheta em sua homenagem!

      Pelo sim pelo não, todos os dias lhe ofereço minha gala, como agora:

      - Olha que leitinho gostoso, Luísa. É para você!


Kátia Pessoa – 01/11/2010



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