quinta-feira, 19 de maio de 2011

O escalpo da amante





      "Provocar mulher brava é quase suicídio, ainda mais se ela tiver razão para revidar!
      
      Aquela puta sem vergonha sabia que ele era casado. Sabia sim! Ela me viu muitas vezes na rua com ele, andando de braço dado. Com o bucho enorme, quase a estourar. E ele ainda usava aliança, porque o desgraçado pra me por corno, nem a aliança tirava! Ela ficava com ele porque era vadia. Não se importava de destruir um lar. Fazia da esposa pouco caso.

      Sou eu a mulher dele! Legítima! Casei com ele na igreja. No cartório. Olha a aliança aqui no meu dedo, ó: grossa. E sou mulher de respeito. Do lar. Mãe do filho dele. Aquela piranha não. É só tira-gosto. Diversão passageira. Vê se ele ia me largar pra ficar com ela? Vê se ele colocaria uma aliança igual no dedo dela? Daquela vadia sem vergonha que dá pra qualquer um? Que homem come e larga? Colocaria não! 

      De barriga eu não podia fazer nada. Eu os via quieta, morrendo de raiva. Ela se insinuava pra ele, e ele, outro pilantra, gostava! Mas agora que o menino nasceu, e o resguardo acabou, é hora da desforra. Da vingança que tarda, mas não falha! 

      Eu a peguei descendo a rua de casa e a puxei pelo cabelo. Puxei tanto que deixei um buraco na cabeça daquela vaca! Ficou um tufo do cabelo da puta na minha mão. Foi que nem em filme de índio! Tirei o escalpo!

      Depois eu dei tanto, mas eu dei tanto naquela cara de puta dela! Arranquei sangue, dente. Deixei ela desconjuntada. Quebrei até osso naquela vadia, tamanha era a minha raiva. Se o povo não me separa, eu matava a puta, matava!

      Eu deixei a piranha nuinha no meio da rua. Pelada pra todo mundo ver! Estirada no chão que nem defunta. Cuspi na cara dela e falei um monte, praquela filha da puta aprender a não mexer com homem que tem dona. Praquela vadia aprender a parar de andar com o macho dos outros, enquanto a esposa tá em casa se danando. 

      Agora vô lá no trabalho do cachorro. Do canalha do meu marido. Vô fazer um escândalo na frente de todos os amigos dele, do patrão. Vou dizer umas verdades, pra todo mundo conhecer que espécie de homem ele é.

      Tô levando aqui na bolsa o cabelo dela. Da puta desgraçada. E eu quero só vê qual vai ser a cara que ele vai fazer, quando eu jogar nos seus pés o cabelo que arranquei daquela cadela. Quero só vê qual vai ser a sua cara, quando perceber que comigo não se brinca!

      Depois disso eu duvido que alguém tenha coragem de atravessar o meu caminho! Eu duvido!


Kátia Pessoa – 23/12/2010



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