quarta-feira, 27 de abril de 2011

Amor com Farinha






      "Dor de amor até mata, e para não morremos desse sentimento, precisamos trabalhá-lo dentro de nós." 


   
      Menina, mistura o teu amor na farinha, mastiga e engole! A farinha disfarça o gosto ruim. Tá rançoso assim, porque você chorou demais por causa daquele traste, mas pode comer que não mata não, pelo contrário, isso faz é bem pra saúde. Vai te deixar forte, resistente, senão qualquer paixãozinha a toa pode te derrubar, deixar de cama, que nem corrente de vento em pessoa fraca.

      Agora vai, mastiga e engole tudo logo. Só assim pra você ficar esperta, e não se iludir mais com promessa feita por homem. E mastiga bem esse sentimento, viu menina? Senão o amor vira um bolo seco que fica entalado na garganta, e ai nem água ou batida forte nas costas dá jeito. Se isso acontecer, você sufoca e vai parar roxa lá na terra dos pé juntos. É isso que você quer, menina? Morrer tão nova?

      Menina, homem nenhum vale as lágrimas da gente. Olha você ai se acabando de chorar, com o peito doendo como se fosse estourar de amor, e ele lá em festa com a outra. E é até capaz de você bater as botas de tristeza, e ele ainda levar a sirigaita em teu velório, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo. Mas sabe de uma coisa, eu não dou muito tempo não, pra aquela sirigaita que hoje é só sorriso, tá chorando por ai que nem você chora agora, porque aquele lá minha filha, não respeita mulher nenhuma não. Mulher ele usa e joga fora sem a menor consideração. Isso que ele fez com você, já fez com outras antes, por isso tome tento, viu menina? Trate de mastigar e engolir logo esse amor que sente por ele, e finde o assunto. O que do amor não se dissolver no estomago, cai no vaso.

      Pelo menos você não pegou filho. Imagina menina, você buchuda do traste e ainda abandonada por ele? Você teve é sorte dele te deixar antes disso acontecer, porque que futuro você ia ter sendo mãe de filho dele? Casar e ficar toda noite você e seu filho, esperando ele voltar pra casa bêbado, cheirando a outra mulher? E ainda ia ter alguma desavergonhada, que ia ter a ousadia de bater na tua porta dizendo que ele era homem dela, e que você estava sobrando na história, querendo te por pra correr e pegar o teu lugar. Isso não é vida de gente não.

      E trabalhar? Aquele lá só trabalha quando quer, o boa vida. Não é homem de se contar na lida. Ele não é daqueles cabras machos, que se esfolam pra sustentar a família, trazendo pra dentro de casa o pão de cada dia. Você ia passar precisão junto dele, menina. Ia sim. Você e seu filho.

      Agora eu fico me perguntando, que diacho que esse homem tem, pra ter tanta mulher sofrendo por causa dele? É mel?

      Tome menina, coma mais farinha. E deixe estar que tua dor vai passar. Nada como um dia após o outro, pra reparar um coração machucado.


Kátia Pessoa – 27/04/2010




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