sábado, 4 de dezembro de 2010

Como uma flor


     

"A vida é dura, e muitas vezes dá rasteira na gente. 

Para sobreviver temos que ser muito fortes, não nos deixando desanimar pelas porradas que levamos, só que às vezes, isso se torna tão difícil que nos deixamos abater, e ficamos prostados sem reagir.

Uma melancolia que tome conta da gente nos faz murchar, perder as forças e o viço, e vamos morrendo aos pouquinhos, murchando como uma flor que vai abandonando o mundo dos seres vivos.”



      Dora murchou como uma flor. Dora murchou.

      O que fez isso com Dora? Dora que era tão altiva. Dora que era tão imponente. Dora que era tão dona de si.

      Dora falava forte. Pisava forte. Enfrentava o mundo todo, parecia um furacão. Dora era decidida.

      Dora também era doce. Falava manso de carinho. Sorridente e empática. Dora era um anjo.

      Agora Dora anda amparada, curvada, como flor que o caule não sustenta. Dora agora está tão frágil. Dora parece tão velha. De ver Dora assim, lamento, lamento...

      O que aconteceu com Dora? O que tirou seu viço?

      Foi doença, daquelas que desgastam a carne e o animo?

      Foi desgosto, daqueles que deixam amargo o peito?

      Foi amor ruim, daqueles que enfeiam uma mulher?

      O que aconteceu com Dora? O que a fez esmaecer?

      Não sei, mas tenho medo! Medo de virar Dora. Medo de murchar como Dora. Medo de virar morta-viva ainda tão nova como Dora.

      - Volta Dora, a ser flor bonita! Volta Dora, a ser rosa esplendida! Volta Dora! Volta!

      Dora murchou como uma flor...


Kátia Pessoa – 01/11/2010



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