quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cristal para atrair o amor


      "Se sentir sozinha não é fácil.
      Às vezes precisamos de alguém para apertar, trocar idéias, fazer companhia em passeios, transar – ler as besteiras que a gente escreve – entre outras coisas.  
      Quando essa falta se torna um buraco muito grande, que não consegue mais ser preenchido com chocolate, comida, sorvete, compras compulsivas, troca de penteado, telefonemas para as amigas e o que mais acalme uma mulher aflita, damos uma mãozinha a Deus, para que ele traga a nossa cara metade um pouco mais rápido.
      No desespero, cada mulher se apega ao que acredita.
      Algumas fazem novenas, outras mandingas, há quem invista em banhos e até mesmo quem recorra aos cristais.”     

       
      Este foi o meu primeiro cristal. O ganhei em uma festa lá em São Tomé das Letras. Foi uma moça que me deu para trazer boa sorte. Ela o energizou dançando em volta de um pote de vidro. No pote estavam ele e outros cristais, mergulhados em água perfumada de óleos essenciais. Ela fazia uma espécie de magia. Um ritual com os elementos. Tinha terra, água, fogo e ar. Depois cada pessoa presente escolheu um cristal. Eu não sabia qual escolher e a moça me disse:

      - Escolha o que o seu coração mandar!

      E eu escolhi este aqui. Nem sabia qual era o seu nome. Ou que era uma pedra para o amor.

      Guardei o cristal em minha bolsa com todo cuidado. Esta pedra energética, cheia de bons fluidos, se tornou meu anjo da guarda. Minha comunicação com o mundo espiritual. Eu levava este cristal para todos os lados. E conversava com ele fazendo pequenos pedidos. Que ele atendia na medida do possível. Um dia resolvi arriscar e pedir algo maior: um namorado!

      Primeiro pedi para ele me trazer um gato bonitão do meu trabalho. O Eduardo. Vinte e poucos anos, sarado, queimado de sol, falante. Ah, cheio de graça!

      Deixei o cristal a noite toda no sereno, tomando banho de lua pra ficar potente. Meu cristalzinho tinha que trazer aquele fofo!

      Acho que Eduardo era muito musculoso. O cristal não deu conta. Não o trouxe.

      Não desisti e fiz uma nova tentativa. Agora com o Aurélio. Homem mais centrado nos seus trinta anos e tralálá. Como ele era mais quieto e franzino que o primeiro, achei que este o cristal conseguiria.

      Mergulhei o cristal em água com sal grosso e pedi! Pedi! Pedi!

      Não deu certo de novo.

      - Acho que meu cristal é sintético!

      Mas eu sou guerreira! Mulher decidida! Não me deixo abater por nada!

     Comprei um cristal muito maior que o primeiro. Uma drusa enorme. Parecia uma caverna. Agora ia funcionar!

      Energizei aquela montanha de pedras que nem a moça da festa. Juntei em volta dela incenso, vela, peguei terra do vaso de minha mãe, água mineral de marca cara e pus tudo ali. Ao lado dela. Eu até dancei! Rezei e pedi a energia cósmica que habita o céu, por misericórdia divina:

      - Um namorado para uma mulher desesperada!    

      O cristal me pregou uma peça. Me deu uma canseira. Uma espera de meses.

      Como eu já estava achando que minha drusa estava com defeito, resolvi partir para algo mais radical. Iria comprar oitenta quilos de cristal e distribui-los pela casa, serviço e bolsa. Locais aonde passo, conhecidos e chegados.

      - Agora sim eu vou conseguir!

      Com meu plano arquitetado, fui a uma distribuidora de cristais. Local que vendia pedras em grandes quantidades. Lá conheci Pedro. Ele era o atendente. Foi mágico! Amor à primeira vista. Minha e dele.

      - Ah, que lindo!

      Desde então estamos juntos.

      Ainda carrego na bolsa meu primeiro cristal. E a drusa que me trouxe o Pedro eu guardo aqui. Neste lugar especial: a cabeceira de nossa cama.

      Depois de tudo o que passei eu te aconselho:

      - Nunca duvide do poder dos cristais!


Kátia Pessoa – 30/09/2010



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