terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Sempre ao seu lado


      "Perder alguém que amamos é muito triste, uma dor que massacra o coração da gente.
      Quando a pessoa que parte é nosso companheiro, aquela pessoa que vive pela gente e a gente por ela, essa perda é desnorteante.
      Saber que vamos ter que seguir a vida agora sozinhos, sem aquele apoio de quem se foi, é duro. Muito duro. Para alguns um sofrimento insuportável..."

      Ele não viveu! Eu juro que fiz tudo o que pude, mas ele não viveu!


      Eu ficava horas e horas a fio ao seu lado na cama, sem tirar os olhos dele. Não saia para nada. Nem dormia direito. Tinha medo de não ouvir sua voz de suspiro me chamando: “Maria”. Era assim a noite toda. Para ajudá-lo a satisfazer alguma necessidade. Ou carência dele mesmo. Não queria se sentir sozinho. Eu pegava a sua mão e segurava. Apertava, apertava, apertava... Por um longo tempo.   

      Às vezes eu perguntava à Deus: "Quanto tempo mais vai durar este sofrimento? Para ele e para mim?" Não era fácil não! Mesmo amando era um grande sacrifício! Ver ele assim doente... Magro e fraco em cima de uma cama. Sem poder se mexer. Dependente de tudo. Logo ele, que sempre foi tão vigoroso. De dia tão trabalhador e de noite quando me pegava... Era tanto rola pra cá, rola pra lá... Era tanto amor. De tudo quanto é jeito! E depois assim... Ele parado ali, esperando a morte, pois viver já não era mais esperança.

      Meu coração parecia carne moída de tanta dor. Meu homem na cama indo embora. E jovem ainda. Fora tão forte... Para mim, tão belo...

      Eu fiquei ali! Ao seu lado! Era minha obrigação de mulher. Fiquei velando ele até o seu último suspiro. O último suspiro dele me deixou vazia. Com um oco no peito. Com seu fim eu estava sozinha, sem filhos e velha. Cansada e abatida.

      Eu fui mulher bonita! Ainda o era, até antes de sua doença! A maldita corroeu a carne dele e a minha. Agora sou carcaça sem viço. Triste, triste. Cheia de melancolia...

      Imediatamente após o enterro queimei nossa cama de casal. Com mágoa e ódio! Nunca mais faria amor com ele nela.  E ela fora a sua prisão! Nela ele se esvaiu até acabar.

      Será que ele já viu o Criador? Tá lá no céu junto com os anjos, velando por mim?

      Nada mais me prende aqui.

      Me espera, meu amor! Me espera!

      Eu já tô chegando...

Kátia Pessoa – 01/07/2010



Nenhum comentário:

Postar um comentário