quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Prematuro






      "Muitos adolescentes se tornam pais antes da da hora, seja por um acidente ou pelo fato de não usarem nenhum meio contraceptivo. A camisinha que é um item obrigatório, muitas vezes deixa de ser usada quando o relacionamento fica sério depois de um mês.    
      Uma gravidez prematura para pessoas de tão pouca idade, pode os fazer amadurecer a força ou os deixar perdidos, atônicos, sem saber lidar com a sua vida, com a vida do parceiro e da crianças que chega.
      Não é raro esses jovens serem mais irmãos do que pais de seus filhos."
    

      Nasceu criança franzina. A mãe preocupada se perguntava:

      - Será que vive o meu bichinho?

      E viveu. Cresceu criança danada. Daquelas que a todos tira o juízo. Rodrigo era o seu nome. Rodrigo.

      Na escola, a professora com ele era um aperreio só. Cortava um dobrado. Não parava quieto o pirralho. Nem só um pouquinho. Conversava com um e com outro. Ia de carteira em carteira. Jogava bolas de papel. Brigava. Ah, como brigava. Era um terror, apesar de magrinho.

      E haja castigo!

      O moleque já tinha a bunda quadrada, de tanto sentar no banco da diretoria. E não resolvia.

      Depois de crescidinho, lá pros seus dezesseis anos, época de namorar dos rapazinhos, conheceu Samanta. Menina meio desengonçada, meio esquisita. De sardas e óculos de lentes grossas. Aparelho nos dentes. Um cabelo desgrenhado, meio alaranjado. Magrinha! Sem corpo de moça formado. Mas ele dizia:

      - Pro primeiro beijo basta!

      E beijado, Rodrigo foi aos céus. Foi seu ritual de passagem. “Agora que já era homem, a diversão ia começar de verdade.”

      Não parou mais. Pegou gosto por rabo de saia, o rapazinho. Franzino, mas bom de bico, na lábia, uma fila de garotas traçava: foram Maria, Paula e Ana. Fernanda, Eliane e Severina. Mariane, Juciléia e Bruna. Tatiana e Tatiane (pegou irmãs) e Teiciane (também a prima). E muitas e muitas outras meninas. Nome pra dedéu. Nem dá pra contar quantia.

      - Eta! Pegador porreta o malandrinho!

      E tome amasso! Sarro, sarro e mais sarro! Em qualquer canto escuro meio deserto. Esfrega-esfrega sem cerimônia. Atrás do muro da escola. Na viela próxima de casa. Agarro na praça. No campinho de futebol. Pega-pega até no meio do mato.

      Depois de alguns meses, no auge de sua virilidade, conheceu Gabriela. Moça de família e tímida. De namoro só dentro de casa. Apaixonou-se. Ficou com ela, apesar de sempre vigiado. Aquietou o facho.

      Mas a natureza, hormônio vibrando no corpo de ambos, que a vigília foi mais forte. Esperta, não deixou passar a oportunidade.

      Em um dia de muita sorte, de mãe no mercado, irmãos passeando e pai no trabalho, aconteceu a primeira transa. Na cama de solteira dela. Tinha quinze anos de idade Gabriela.

       Na pressa de penetrá-la, tirar seu cabaço, Rodrigo esqueceu a camisinha. Gozaram rápido os pombinhos... Rápido também, foi a chegada de Ricardo, filho feito na perda da virgindade, que não querendo esperar os nove meses, nasceu de sete.


Kátia Pessoa – 29/06/2010




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