sábado, 1 de outubro de 2011

Gozo e lágrimas






      "Às vezes acontece de haver um descompasso entre os desejos de um casal, e aí por mais que se gostem não são felizes juntos..."        
     

      Esta foi a última vez que banhei o corpo de Marcela com a minha saliva. Foi a última vez que passei minha língua desejosa por suas curvas. Foi a última vez que senti tão vivo o cheiro de sua pele.

      Nem marcando assim Marcela ela se tornou de vez minha. Nem jogando nela todo meu esperma, que de bom grado lhe despejava pelo ventre, nádegas, seios, boca e onde mais ela quisesse.

      Marcela nunca dormiu uma noite sequer comigo. Nunca passou mais tempo do que o suficiente para uma boa transa. Marcela nunca foi namoro! Nunca foi compromisso! Marcela era só a mulher que eu amava. A mulher que um dia conheci em um barzinho desacompanhada, e comecei a levar para motéis.

      Foram só em motéis meus encontros com Marcela, mas só chegamos juntos neles no primeiro dia. Depois dele, nós combinávamos por telefone qual seria o motel, o dia do encontro, o horário, a suíte. Eu chegava primeiro e ela logo depois, e após duas horas ela era a primeira a ir embora. Era sempre assim: Ela gozava, saia da cama, se arrumava e se despedia. Eu sempre ficava parado, nu, sem ação, querendo pedir para ela ficar um pouco mais, mas antes que a primeira palavra saísse, ela já havia saído do quarto e fechado a porta...

      Amanhã Marcela se casa. De manhã no cartório e de noite na igreja. Haverá uma festa para 500 convidados, e eu não sou um deles. Eu não conheço o seu noivo e nem conhecerei. Nunca saberei como é o homem que rouba Marcela de mim.

      Marcela me proibiu de procurá-la. Proibiu mesmo de cumprimentá-la, se por alguma estranha coincidência a encontrasse por acaso em algum lugar, mesmo que desacompanhada. Segundo ela, depois desta última transa ela se tornaria uma mulher fiel, que honraria o marido.

      Marcela nem percebeu, mas eu chorei entre suas pernas enquanto ela gozava. Em nossa última transa, minhas lágrimas de dor se misturaram com o mel do prazer que de sua vagina brotava.


Kátia Pessoa – 30/10/2011



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