sábado, 4 de dezembro de 2010

Morta Viva


      "Tem pessoa que é fogo. Maldade encarnada. Maledicente e incomoda.
      Temos que se rezar muito por esses seres, para que encontrem a luz e nos deixem em paz.
      Temos que pedir a Deus para por amor no coração dessas pessoas, por piedade, porque essas víboras são capazes de morrer afogadas no próprio veneno."
  
        Há pessoa que a gente mata. Mata assim, dentro da gente.

      Pessoa que a gente pega de surpresa, no bote! E levamos para um canto escuro do coração. Lá, de ódio, quebramos seu pescoço, ou em um mar de mágoa a afogamos. Matamos ela, matamos sim! E deixamos seu corpo a apodrecer, largado ali.

      É pessoa que de hora para outra desaparece, some, deixa de existir! Se a encontrarmos na rua, nem a vemos. Olhamos vazado. Se fala, nem escutamos.

      Às vezes, pessoa assim morta, inconformada, demora para entender que morreu. Seu fantasma teima em perturbar a gente. Nem sabe que já a matamos, pessoa ruim, que não é gente! Para nós está morta e podre. Carne que se desfaz sem ser enterrada.

      De pessoa assim, morta viva, o escárnio já não fere. Sua presença ou ausência se torna indiferente. E se ela insiste em nos provocar:

      - Pé de pato, mangalô três vezes, vade retro, Satanás!


Kátia pessoa – 11/04/2010



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