sábado, 4 de dezembro de 2010

Por inteiro


      "É tão bom pegar o objeto de nosso desejo, agarrar sua carne como se quiséssemos fundi-la com a nossa. Beijar sua boca como se quiséssemos beber sua alma. Ter seu corpo dando prazer a nosso corpo.
      Há quem pense que pensamentos assim sejam sem vergonhice, e que o amor contemplativo e casto seja o que realmente importa. Tudo bem.
      Até concordo que uma boa relação não é só baseada em sexo, mas bem que uma pimentinha cai muito bem."   

      Eu não entendo amor que quer pedaço, e não inteiro. Amor que pede coração apaixonado, mas dispensa o corpo de desejo aceso. Amor que é lágrima nos olhos, mas não mãos nos meus seios. Eu não entendo esse amor. Eu não entendo...
       Amor de contemplação, que não quer caricia. Amor de idéias sem ação. Amor virginal, puro, de casamento com vestido branco na igreja e grossa aliança na mão esquerda. Amor casto até a Lua de Mel.
      Meu amor é toque, esfregação na parede próxima. Língua sugando saliva, lambida na nuca, puxão no cabelo! Meu amor é pele roçando pele, enquanto o suor se mistura. Meu amor é suspiro, gemido, fome de cio que pede carne humana para saciá-la. Meu amor é cama cheia, corpo grande de homem que me completa.
     Amor para mim é palpável. Pego em seu cabelo com minhas mãos. Brinco com seu falo. Me deleito. Converso com ele e aos poucos, algum chega ao meu coração! Quando lá estão, até andamos de mãos dadas, juntinhos assim, pelas ruas, entre as pessoas...
      Não! Eu não entendo amor de idolatria, que ama só uma parte da mulher que sou! Amor que só vê fragmentos: face calma, gestos suaves, boa conduta. Amor que não enxerga defeitos:
      – Sou de forte TPM, querido! Brava. Chata. Mandona. Você iria sofrer, meu rapaz!  
     Não. Eu não quero um amor assim! Não o aceito. Amor eterno, com mais monotonia que alegria. Amor cheio de “eu gostaria que” – coisas que nunca vão acontecer. Não. Quero amores breves e prazerosos. Amores que quando acabam, tornam colorido o passado!
      Não! Decididamente não! Amor assim, platônico, para mim não é possível:
      - Eu lamento, meu senhor. Lamento muito mesmo, mas não há vaga para você na minha vida!
Kátia Pessoa – 22/03/2010

     

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