quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bem servido






      "Tem homem que a adora mulheres gordinhas, pela sua fartura de carne - ainda bem, pois estou bem rechonchuda!
      É muito bom poder comer sem se preocupar com calorias, fazer "farrinha gastronômica" só por gula.
      Mulheres gordinhas são aquelas que não se privaram do prazer da comida, em nome da ditadura da magreza."
      

      Antônio enquanto encoxava sua mulher, metia-lhe as mãos nos peitos com gula, olhos grandes como se fala. Era tanta fartura de carne naquele corpo, que ele ficava extasiado, de pau duro, no umbigo.

      - Ela é muita areia pro seu caminhãozinho!

      Brincavam os seus amigos, tirando sarro. Ele, que era de corpo franzino, branquelo. De peito pelado e até pau pequeno. Disso tudo Antônio sabia, mas não se intimidava. Não via nenhum problema. Seu motor tinha folego para muitas viagens. Dava conta dela todinha.

      Clara era a mulher que lhe enchia os olhos, os braços, a cama. Morena angulosa, gulosa, de cabelos grandes e cacheados.

      Ela também o usava com gosto. Pegava seu magrelinho e amassava, revirava, lambia, mordia, cavalgava e quando Clara chegava ao auge do prazer, gozava gemendo alto. Nessa hora Antônio se sentia orgulhoso, poderoso. O garanhão que amansou uma fera selvagem!

      Mesmo estando um bagaço, como se fosse uma laranja espremida da qual sugaram todo o caldo, depois do amor Antônio se sentia feliz, feliz!

      Clara de manhã acordava Antônio com um boquete, para que ambos começassem bem o dia. Depois, enquanto ele tomava banho, arrumava na mesa um desjejum reforçado, com café forte feito na hora, leite, pão, cuscuz, bolo e frutas. Ela cuidava bem de seu magrelinho. Não queria seu branquelo desnutrido!

      Como Clara não trabalhava fora, arrumava a casa deixando-a um brinco. Reluzente e perfumada a espera do marido. Antônio que se empregara em um mercado perto da moradia, fazia questão de almoçar com Clara, que sempre lhe preparava farta mesa com muito carinho: era arroz fresquinho, feijão com carne seca, carne de panela, batata frita, farofa, pirão, salada de alface e tomate, com suco de caju e pudim de leite para sobremesa. Tudo ela fazia questão de cheia de dengo, lhe colocar na boca entre beijinhos. Era um lindo casal de pombinhos!

      Se Antônio lhe parecesse cansado, Clara acrescentava ao cardápio caldo de mocotó, amendoim, gemada, ovo de codorna, até mesmo catuaba. Seu marido podia até ser magro, mas com certeza não era fraco!

      À noite, Clara esperava Antônio depois do serviço já tomada banho e de camisola, que era sempre decotada, sempre de renda, sempre com fenda, sempre bonita. Antônio nunca se atrasava. Não trocava Clara por cerveja com amigo em bar nenhum. Ele todas as noites já chegava em casa em ponto de bala, com o pinto latejando, querendo adentrar nas carnes de Clara, que comia de tira gosto antes do jantar, que como o almoço, era de se esbaldar.

      Uma coisa ninguém poderia negar: De cama e mesa Antônio estava bem servido!


Kátia Pessoa – 26/02/2011



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