quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Maior dependente






"Ah, tem filho que é chato demais! Acha que a mãe não é mulher e deve viver em função dele." 

      
      Tira essa roupa, mãe!

      A saia é curta demais. E esse decote “profundo”? Você parece até uma periguete. Uma mulher da vida.

      Seu lugar é dentro de casa, mãe!

      Tricotando. Cuidando da casa. Dos filhos. Dos netos. Fazendo bolinho de chuva.

      Sem essa de ir a baile, mãe!

      Passando a noite fora. Dançando com desconhecido. Toda saidinha.

      Ir em barzinho também não pode, mãe!

      Ficar bebendo cerveja. Caipirinha. Conversando. Nem com as amigas. Muito menos sozinha.

      Pegar garotão também não, mãe!

      Nem pensar em agarrar rapaz jovem. Da idade de meus amigos. Ou mais novo do que eu. O que as pessoas vão falar?

      Assim você desonra o meu pai, mãe!

      Que viveu só para você. Não se divertia. Trabalhava e voltava para casa. Pra ficar com os filhos pequenos.

      Você é viúva, mãe!

      Já faz muitos anos. Devia ter acalmado o “facho”. Apagado o fogo. Ter virado uma “avó boazinha”.

      Você é velha, mãe!

      Pra fazer tatuagem. Viajar com as amigas. Pensar em casar de novo. Não pedir autorização pra familia.

      Você perdeu o senso do ridículo, mãe!

      Não se comporta mais. Está rebelde. Respondona. Acha que pode fazer o que quiser. Que é dona da própria vida.

      Volta aqui, mãe!

      Aonde você vai agora? Não me deixe só! Eu sou seu filho.

      E apesar de adulto...

      Ainda não sei me virar sozinho!  


Kátia Pessoa – 08/10/2012



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